sábado, março 05, 2005

Ai meu Deus, mixaram o Chico!


chico Posted by Hello


FRANCISCO BUARQUE DE HOLANDA. SE EU CRUZO COM ELE, JURO QUE TENHO UM ATAQUE HISTÉRICO!

Eu acho que estas questões deveriam ser resolvidas à bala, como era feito na época em que não havia leis. O compositor ou os donos dos direitos autorais liberam a regravação de uma música, se for feito algo inominável de tão medonho com a peça original, o sujeito deveria ser morto. Não entenderam? O eu tô querendo dizer é “morte a quem mixou o Chico”!
Mixaram ou remixaram, sei lá como se diz, a música Roda Viva do Chico Buarque. Abominável. Virou Roda Morta. Juntaram a voz dele com a de outra mulher, colocaram uma batida eletrônica rápida, diferente da original, e tão tentando transformar em hit. Assassinaram a canção! Tô indignada!
Roda Viva, música e peça de Teatro (muito recomendável, conta a história de um ícone pop, mitificado tal qual um Cristo), foram escritas em 1967 e marcam o amadurecimento do Chico. A letra fala da repressão sem perder o lirismo - “tem dias que a gente se sente/ como quem partiu ou morreu”... – o que era uma espécie de artifício para fugir da censura.
Porém, o crime é hediondo porque destrói o efeito da melodia idealizado na partitura original. Abaixo, para quem se interessar, uma descrição técnica de como Chico juntou ritmo e melodia a fim de passar a sensação de uma roda em movimento, uma explicação simplista de minha parte, porque na verdade, a música contem elementos que denotam profundidade de sentimentos e idéias maior.
Moral da história: uma das melhores músicas do Chico, que descreve um dos momentos cruciais da história do Brasil (época em que gente morria por acreditar nos ideais da canção), foi totalmente ignorado e deturpado ao cair nas mãos de um DJ sem sensibilidade e sem repertório. Imagine pessoas dançando Roda Viva numa Rave... MORTE AOS ASSASSINOS!!!



Roda Viva

Os primeiros compassos (1-4) são parte introdutória da música. A melodia (sucessão dos sons relacionais entre si) e o ritmo (movimento de regulação dos sons pelo grau de duração) combinados nos levam a um sentido expressivo musical. A harmonia (execução de vários sons simultaneamente) está nas entrelinhas da melodia e do ritmo.
Encontramos a música no modo menor (si menor), que significa auditivamente caráter mais triste que o modo maior. Tais elementos advêm do conjunto de sons ligados à tônica (nota primeira, principal de uma sucessão de 8 sons conjuntos) dando o tom de uma exata.
Trabalhando letra e música a partir dos compassos 5 a 29, as notas passam a configurar também, com mais profundidade, o tema político-musical no contexto de Roda Viva.
Figuras como a síncope estão presentes durante toda a música; sua função é fazer com que a nota executada em tempo fraco seja prolongada à parte forte do tempo seguinte. Como se para a letra fosse o girar da roda, a sensação de desequilíbrio diante do momento político social infiltra-se nessa canção.
Intervalos (diferença de altura entre dois sons) reforçam esta característica; ao término dos compassos 6 a 7, 10 a 11, 12 a13, 14 a 15, 16 a 17, 18 a 19, da penúltima nota à primeira do próximo compasso o intervalo é descendente, simbolizando a parada da roda; uma curiosidade que deve ser levada em consideração são as notas musicais repetidas (compassos 1-2): sentido de repressão do compositor na melodia. Existe então proximidade restrita em notas (ex: compasso 25) representando os elos da corrente energética que impulsiona a roda).
O ritmo 2/4, binário, convenciona as figuras à um espaço com valores determinados o que se dá o nome de tempo, sendo que o primeiro tipo de compasso denota mais rapidez no desenvolvimento melódico que os outros tipos existentes. Não seria a decodificação viva da roda?

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Assassinaram MESMO!!!!

1:03 PM  
Anonymous Anônimo said...

Kati!! ainda naum ouvi essa versão da música... e nem quero ouvir!!! prefiro acreditar q naum fizeram isso!!! o mundo eletronico consegue acabar c qq música!!! péssimo...

6:20 PM  
Anonymous Anônimo said...

então ka, é o seguinte a música foi gravada pela fernanda porto. o chico tanto aprovou a versão como também participou dessa versão. gostos a parte, o fato é que a música - embora seja atemporal pela qualidade da mesma - ganhou uma cara de "fim de século". se isso é bom ou ruim, são outros quinhentos anos, mas eu num achei que foi assassinada. antes isso do que festa no ape.

7:46 PM  

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