sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Memória


memória Posted by Hello

"E eu não sabia que a minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé"

DESCAMINHOS

Nem sempre é fácil achar o caminho de volta. A estrada das origens pode perder-se entre os trilhos do esquecimento...
Esta semana voltei a um lugar que não visitava há anos. O lugar onde ficou minha infância, juntamente com os dias mais felizes da minha vida - o sítio em que meus avós moravam.
Hoje praticamente ninguém mora mais lá. Apenas meia dúzia de habitantes que ainda resistem ao conforto e facilidades da vida urbana (até minha avó sucumbiu e mudou para a cidade depois de ficar viúva).
Foi difícil achar o caminho, tudo está tão diferente. Quando eu era só uma menina aquilo tudo era tão imenso face aos meus olhos de criança. Sombras, fantasmas, nem isso.
Pelo menos dois domingos ao mês eu sabia que ia visitar minha avó. Que ia encontrar meus primos, que brincaríamos o dia todo, que visitaríamos a cachoeira - ah, a gente podia nadar à vontade, porque a água era limpa, não havia riscos de afogamento e nem estava preocupado se íamos ficar gripados no dia seguinte - e o mais fascinante, lá eu entrava em contato com todos aqueles animais que jamais poderia criar na minha casa.
Lembro de tudo isso com muita tristeza porque é o fim da família matriarcal. Todos estavam lá porque ELA, a minha bisavó, carinhosamente chamada de "madrinha" vivia na "casa central", semelhante à foto acima. A mulher mais generosa que já conheci. (prometo dedicar um post só pra ela).
Mas ela se foi, como muitos se foram.
Eu não tenho sete irmãos, como acontece com meu pai e minha mãe. Nem sei se terei filhos ou sobrinhos. Mesmo que os tivesse, duvido que aceitassem passar o dia no campo ao invés de visitar um parque temático, por exemplo. É o fim da vida bucólica!