segunda-feira, dezembro 12, 2005

Casa de boneca







“Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
Lavadeiras e passarinhos,
Ovos verdes e azuis nos ninhos?”


Uma dose extrema de realidade. Do que, indiscriminadamente é, sem se importar a quem interessa, a quem ajuda ou a quem fere. É como o viciado, que sempre diz que tomou a última dose. É como aquelas pessoas que se cortam.
Engraçado... sempre que penso nisso lembro da minha infância: a boneca na gaveta. Morria de medo da boneca que ficava sobre a cama, por isso ela fora colocada na gaveta. Entretanto, sentia necessidade de olhar para ela, nem que fosse para me provocar o choro. Pois é... Hoje encarei a boneca mais uma vez! Ela estava mais assustadora do que nunca. Com seus olhos vermelhos de pânico e com seu vestido de veludo. Parece a noiva do mal. E agora? Eu choro? Sim, eu choro. E não tem ninguém para fechar a gaveta.
Já é noite e sei que meu sono será perturbado pela lembrança da boneca. Faz frio, por isso as crianças já se recolheram. Não há ninguém lá. Não há sequer uma criança na rua. Não, elas não estão brincando de esconde-esconde. Estão em casa, protegidas, assistindo tv e fazendo a lição de amanhã.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Incrível.
Me vi dentro do seu texto.
Você parece escrever com a alma.
Abraços.

5:22 PM  

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