sábado, setembro 17, 2005

Para o mundo que eu quero descer!

"Quanto mais conheço os ditadores, mais eu amo o meu cachorro"
(Zé Geraldo)


Primeiro foi o Genoíno ou Zé Dirceu. Para mim, especificamente, foi o Genoíno, isso ainda em 2002 quando não tinham passado as eleições e eu comecei entender a antipatia que existia dentro do próprio partido. Na faculdade, uma professora explicou que Genoíno, era acusado pela família de muitos ex-guerrilheiros, a maioria deles mortos, de ter entregue o grupo durante a Guerrilha do Araguaia. Depois foi o Zé Dirceu. Esse, francamente, me surpreendeu. Eu tinha lido a história de militância política de Dirceu há alguns anos na revista Veja. Quanta privação em nome de um ideal. Como uma pessoa pode acreditar tanto na mudança de um sistema, arriscar a vida por isso e depois, simplesmente, ser engolido por um esquema de corrupção?
Até então eu acreditava que o presidente Lula, que já defendi em discursos inflamados, pudesse mesmo não saber o que se passava nos bastidores do poder...
A gota d'água foi esta semana, mais especificamente ontem. Primeiro, vem à tona denúncias de corrupção contra o Ademir da Guia, o Divino, um ídolo que, infelizmente não vi jogar, mas que foi com certeza um dos maiores jogadores que já passaram pelo Palmeiras. Ídolo dentro e fora de campo, porque parecia um sujeito engajado, preocupado com problemas sociais. Além do currículo, o Divino era dessas pessoas de fala mansa e olhar singelo, fáceis de se apaixonar. Aí vem a Folha de S. Paulo e diz que o cara operava um esquema de corrupção na Câmara de Vereadores da capital, para se apropriar de parte do salário dos funcionários de gabinete? Me recuso acreditar, mesmo sabendo que possa ser mesmo verdade. Me recuso!
Para completar, vem o Lula a público dizer que o fato do País estar imerso em lama, só ratifica o processo de democratização. Era só o que me faltava. Senhores, muita gente lutou e até morreu pela democratização do Brasil para isso? Eu vejo no Planalto uma grande lavanderia, em que não é possível saber quais peças estão limpas. Eu sinto meu coração dilacerado toda vez que tenho que encarar a verdade. O ideal político que eu defendo há quase oito anos não passou de uma farsa. É triste e desolador, principalmente porque anula uma parte importante da minha própria história. E agora, o que vai ser do futuro? O que vai acontecer? Para onde vamos? Diante de tanta indecisão eu evoco o nosso profeta Raul Seixas: Para o mundo que eu quero descer!