segunda-feira, outubro 24, 2005

Beatriz







"Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura..."


Passo os dias de minha vida sentindo falta de mim mesma
Por que a gente insiste tanto em se torturar?
Gravada em meu punho tem uma marca
E o bichinho da melancolia corrói meu coração

A tempestade assustou, mas lavou tudo
E o cheiro que do asfalta brota me acalma
Na segunda-feira, retomo a vida burocrática
Enquanto isso, eu divago, eu divago

Não gostei, mas não esperava que gostasse
Dorothy não cabe mais no meu mundo
E eu já provei, sou mais valente que o leão

Dom Quixote, vou ninar e te espero
Disso eu lembro, com você, tudo era feliz
E pra tudo havia uma solução

Eu perdi um amor por um amigo e um amigo por um amor

sábado, outubro 08, 2005

Falta







Entre areia, sol e grama
O que se esquiva se dá,
Enquanto a falta que ama
Procure alguém que não há.


Tem em dias em que... sei lá...

Eu li os clássicos
Eu pratiquei o bem
Paguei os impostos
E as contas em dia
Esperei pelo amor
Como a criança que espera o presente na noite de Natal
Fiz um pedido no meu aniversário
E uma promessa em nome de uma virgem qualquer

Mas há muitas confusões

Nem o mal é bem distribuído
O discurso de paz é apenas providencial
A sorte não é dádiva para os que tem fé
Até o medo às vezes abandona
É presunção acreditar na felicidade
A morte não dá direito à redenção
A boa ação de hoje não é saldo para tropeços futuros

É preciso diferenciar o néctar da sicuta.