sábado, maio 28, 2005

Phoenix


p. Posted by Hello

“Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei
Tenho o que ficou e tenho sorte até demais
Como sei que tens também”


Às vezes eu esqueço a minha história e tento me juntar à multidão. Finjo ter um propósito nobre na vida. É inútil e é pior, porque quando retomo a consciência da minha insignificância, não tenho para onde fugir.
Sempre enfrentei meus medos. O escuro, o mal, o desconhecido, mas o principal deles, a dúvida sobre a minha sanidade, desse eu fujo. Fujo desde criança, quando ficava imaginando se era louca, ou doente, ou algo semelhante e todos escondiam de mim a verdade. Melhor. Prefiria não saber.
A luta pela sobrevivência me fez assim. Não tinha força, nem beleza, nem carisma pra garantir a evolução, mas tinha a inteligência e o sarcasmo. Deu certo, por um lado. Por outro, tinha uma vozinha neurótica apitando na minha consciência, um discurso pragmático e puritano, que me acorrentou. Eu não fui atrás da minha felicidade por pudor, e toda vez que penso nisso é como se uma ave carniceira arrancasse um pedaço do meu fígado.
De tempos em tempos vou ficar melancólica, lambendo minhas próprias feridas. Serão horas e horas de egocentrismo e auto-piedade. Não que seja incapaz de um gesto altruísta. Na verdade, tenho dores horríveis de estômago toda vez que penso nos miseráveis, nos bastardos, nos famigerados. Sou um tanto “carpinteiro do universo”, embora acredite que tudo está perdido – principalmente o ser humano.
Os segundos viram minutos, os minutos horas, as horas, dias, quando se está triste. Mas quando passa, parece que ficou tão distante. “No veneno está o antídoto” (não me lembro onde li isso). É como a Phoenix, que se refaz das próprias cinzas. Basta um cigarro, um trago de um algo bem forte, uma conversa insana para recobrar a consciência metódica das coisas e retomar a vida insossa cotidiana.

quinta-feira, maio 26, 2005

Transe


T. Posted by Hello

“Tentou chorar, não conseguiu
Ninguém notou mesmo assim ela fugiu...”


A última vez que eu postei neste blog, juro, devia estar numa espécie de “transe”. Quando as pessoas começaram a dizer que eu as havia feito chorar, e resolvi reler o texto, não reconhecia aquelas palavras. Me lembrou uma história, que envolvia o Renato Russo. Ele tinha umas “paradas” deste tipo. Certa vez, compôs uma canção e inglês e mandou para um tradutor. Quando o tradutor entregou a letra em português, ele não acreditava no que tinha dito. E aqui estou eu, com amnésia e tecendo comparações ousadas demais.
Era só mais um dia triste e confuso, como hoje. Fazia força para chorar, mas não adianta. A última vez que chorei por mim foi há mais de seis meses, aliás, nem sei se foi por mim ou se pela personagem do meu livro. Às vezes, ela se parece comigo.
Talvez seja só porque o dia está frio, ou porque meu time perdeu ontem, porque escutei repetidas vezes uma canção melancólica, ou até aquele motivo que eu escondo de mim. É recomendável nesses momentos recorrer à Cecília ou ao Drummond.
Cadê meu bom humor, meu sarcasmo? Faz algum tempo que não o vejo. Meus olhos ainda estão secos. Talvez devesse procurar “Marta”. Quem sabe um livro de auto-ajuda. Preciso encontrar um meio de financiar meus sonhos, mas depois de se tornar um burocrata, não há como retomar a poesia.

P.S.: Qualquer semelhança da foto acima com o “CABELO” terá sido mera coincidência.

quarta-feira, maio 18, 2005

Querer eu queria

"Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado..."


“Eu erro por insegurança!”. Uma frase dita assim pode te imergir em reflexão por horas, dias ou até mesmo semanas. Hoje quase chorei a caminho de casa, nem sei por quê... se de alegria, ou contentamento, nostalgia ou tristeza pura e fina, simplesmente. Quase, porque mais uma vez fui forte!
Acho que é exatamente disso que estou cansada: de ser forte. Mas já passou. As coisas práticas desta vida rapidamente me lembram quem eu sou ou o que eu sou.
No momento, uma dúvida prosaica me atormenta: a carreira acadêmica pode atrapalhar meus planos como escritora. Reflito, teço comparações ousadas e chego à conclusão que não. Penso em Umberto Eco, Jean Paul Sartre. Tento me lembrar de outros que conciliaram obra acadêmica, filosófica e a carreira de escritores, e conseguiram ser bem sucedidos em ambas. Isso já não me aflige mais.
No momento, meu medo não é a solidão, é o meu pragmatismo. Receio que ele me comande, como superficialmente já o faz. É um tipo de mecanismo que me impede de ter uma vida normal. Eu quero ser como os outros e rir das peças que o destino nos prega. Eu quero pegar resfriado, ficar de cama e ter de faltar do trabalho por isso.
Eu quero passar esta noite sem pensar em nada! Eu quero a dádiva de um poema bem escrito. Eu quero de volta a insanidade dos meus 15 anos. Eu quero acreditar em sonhos como quando era criança.
Eu quero as palavras que bailavam em minha mente quando eu não tinha em mãos, nem papel, nem caneta. Eu quero meus dentes de leite pra fazer um colar. Eu queria a chance de poder afagar meu cachorro, novamente, num dia em que estivesse triste. Eu quero voltar no tempo, naquela noite, e mais uma vez contar as estrelas que brilhavam no céu. Eu queria conversar com você agora.
Eu queria concluir isto de forma perspicaz e bem humorada. Eu quero, velha, sentar na varanda, olhar pra trás e saber que tudo valeu a pena porque eu era amada.

terça-feira, maio 10, 2005

Diário de uma motocicleta


xx Posted by Hello

Este texto não é pra ser entendido... Tá mais pra quadro do Casseta e Planeta!!!

Exclusivo! Leia abaixo trechos do roteiro do longa “Diário de uma motocicleta”, idealizado, bancado e dirigido por Dani Sartori, a nossa querida e esquecida “Dory”.

25 de agosto
Hoje meu proprietário me comprou pneus novos. Fiquei linda!

26 de agosto
Já sei porque ele comprou pneus novos. Tá planejando uma viagem. Ai, como eu sofro. Vou rodar um bocado no próximo mês.

31 de outubro
Hoje meu dono me fantasiou de camelo e me levou a uma festa das bruxas.

22 de novembro
Hoje rodei uns 300 km. Estou exausta!

12 de dezembro
Hoje um carro me fechou. Levei um tombaço. Felizmente nem eu nem ninguém se machucou!


Não entendeu nada? Não é pra entender mesmo. Coisas de Dani....