Vozes
As vozes do texto
Que voz você ouve quando lê um texto? Eu ouço a voz do autor, quando o conheço.
Pensei sobre isso em três ocasiões da minha vida. A primeira foi há alguns anos, enquanto lia um tratado escrito por um índio americano, um apache, que versava sobre ecologia e sobre os direitos que aqueles habitantes possuíam naquele chão que era sumariamente invadido por europeus. Lia o discurso e ouvia a voz de um índio grandalhão e beiçudo, a figura caricata que algum gibi, ou filme, ou série enfiou na minha cabeça. As palavras eram proferidas pausadamente – tal qual um locutor com dificuldades no idioma. O som grave ecoava na minha mente. Até trocar, de forma pejorativa, o pronome “eu” por “mim” eu fazia, inconscientemente.
A segunda vez em que pensei sobre o som que meu cérebro produz quando leio foi ontem. Estava checando a contracapa de um livro que reúne crônicas de Perseu Abramo quando as palavras começaram a confessar que o jornalista em questão fora fundamental para a criação do PT. Observei a assinatura no final. Era o Lula. Pronto! O texto ficou sibilante. É sempre assim quando leio uma entrevista do nosso ilustríssimo presidente.
O último e decisivo insight acerca da voz do texto ocorreu há aproximadamente cinco minutos, durante visita a página eletrônica de uma amiga. Eu não só apenas podia ouvir identificar o timbre do seu jeito de falar, como também conseguia imaginar as expressões de seu rosto ao proferir cada palavra.
É. Está provado. Você ouve o texto lido quando conhece o autor. Mas essa divagação toda me trouxe nova dúvida, e conseqüentemente, nova angústia. E as palavras sem pai nem mãe, que som tem?
Que voz você ouve quando lê um texto? Eu ouço a voz do autor, quando o conheço.
Pensei sobre isso em três ocasiões da minha vida. A primeira foi há alguns anos, enquanto lia um tratado escrito por um índio americano, um apache, que versava sobre ecologia e sobre os direitos que aqueles habitantes possuíam naquele chão que era sumariamente invadido por europeus. Lia o discurso e ouvia a voz de um índio grandalhão e beiçudo, a figura caricata que algum gibi, ou filme, ou série enfiou na minha cabeça. As palavras eram proferidas pausadamente – tal qual um locutor com dificuldades no idioma. O som grave ecoava na minha mente. Até trocar, de forma pejorativa, o pronome “eu” por “mim” eu fazia, inconscientemente.
A segunda vez em que pensei sobre o som que meu cérebro produz quando leio foi ontem. Estava checando a contracapa de um livro que reúne crônicas de Perseu Abramo quando as palavras começaram a confessar que o jornalista em questão fora fundamental para a criação do PT. Observei a assinatura no final. Era o Lula. Pronto! O texto ficou sibilante. É sempre assim quando leio uma entrevista do nosso ilustríssimo presidente.
O último e decisivo insight acerca da voz do texto ocorreu há aproximadamente cinco minutos, durante visita a página eletrônica de uma amiga. Eu não só apenas podia ouvir identificar o timbre do seu jeito de falar, como também conseguia imaginar as expressões de seu rosto ao proferir cada palavra.
É. Está provado. Você ouve o texto lido quando conhece o autor. Mas essa divagação toda me trouxe nova dúvida, e conseqüentemente, nova angústia. E as palavras sem pai nem mãe, que som tem?